É, esse blog está apinhado de crônicas. Eu até tinha outro em que escrevia sob a máscara do meu rosto, todo assertivo. Mas logo descobri que minha opinião nem era tão legal assim. Aí voltei às crônicas. Incrível como elas parecem fazer mais sucesso, sem de fato o fazer. Acho que a mágica das palavras dançantes, quase bailarinescas, escorrendo pelos parágrafos contagiou até a mim, o suposto ilusionista.
Tentei me esconder, evitar, mas não foi muito possível. Os meus textos amotinaram-se e ameaçaram-me de morte almática caso eu viesse a condenar mais algum deles ao “temido blog”. Dizem os revoltados que aquilo se tornou um cemitério, inóspito textualmente. Um deles ousou insinuar que eu os jogo lá por um simples instinto gritante de escritor, o qual supostamente me obrigaria a contestar os próprios conceitos de ordem sentimental e semântica.
O mais pequenininho deles, que não devia passar nem de 2 travessões de altura, gritou agudamente o quão obtuso era minha tentativa de esconder-me atrás de um bando de crônicas abestadas e desgovernadas, na trincheira intelecto-virtual. Primeiro, é claro, achei graça da pequetita criatura saber tecer tais comentários, mas acabei por emburrar-me. Malditos ingratinhos, lanço-os para os ventos do sucesso, e eles me vêm e vêem com tanto ódio nas entrelinhas.
Todavia, achei melhor obedecê-los, para não sofrer alguma crise criativa no meio da noite antes de algum vestibular. Concedi a eles mais um tempo de folga. Aliás, até admiti que eles pudessem estar minimamente certos. Às vezes nem só sobre mim, mas sobre um grupo bem maior que um de um. Não é qualquer aliteração ou assonância que evita explicitar a tamanha ignorância de um autor. Existe todo um esforço que há de se envidar para permanecer aparentemente intelectual. Só não pensei que meus próprios trechos iriam usar isso contra mim.
Descobri, de vírgula em vírgula, de ponto em ponto, de sílaba em sílaba, que elas que vão para o front. Aprendi ouvindo-as - e ocasionalmente sofrendo com algum acento que não sabia controlar a saliva enquanto falava - que alguns alguéns tendem a posicionar uma oração subordinada aditiva à frente de uma emoção, escondendo-a, protegendo-a, protegendo a si mesmos. Aprendi quem sou eu, com palavras que eu mesmo havia escrito.
Ainda bem que meus textos existem, não sei se iria sobreviver expondo-me assim. Sorte que os tenho para expor-se por mim.