sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Moral do Amor, 1ª parte


A Thaís sugeriu "amor não correspondido" e a isaah cotting sugeriu "fraternidade". Isso resultou num "mini-conto" =D

1ª Parte

Minha mão usa sua força e a porta para indicar minha presença. A resposta ressoa fraca naquele beco sujo e úmido. Duas batidas vêm, duas batidas vão. Depois a pergunta, “quem bate?”. Respondo “seu amigo de vida e irmão de revolução”. Aquilo estava caótico, representava bem a situação do país. Crises climáticas numa nação que vende matéria-prima só podiam resultar em merda. E merda teve.

Desemprego e miséria levam a desordem, que leva a medo, que leva a um governo mais autoritário, tudo isso conspirando para um golpe e/ou uma ditadura. Sim, isso aconteceu, mas não durou tanto tempo quanto esperavam. O Brasil virou uma anarquia, um lugar sem leis, com supostas “assembléias e núcleos regionais”, os quais encobriam uma guerra entre facções e tráfico de drogas, armas e tudo que pudesse ser vendido para obter lucro e se possível comprar um pouco da escassa comida.

Dentro do complexo, capotei na cama que carregava meu nome na cabeceira. Os sonhos iam e vinham confusos, turvos, até chegar ao repetitivo e melancólico filme da minha adolescência. Cabelos longos, camiseta do Metallica, mochila nas costas, fone nos ouvidos, materiais escolares fazendo peso.

O que a maioria das pessoas que viam essa figura excêntrica pela rua não imaginava, é que nas últimas folhas do caderno de 20 matérias, textos e poemas representavam de forma fútil e fora das normas um amor alimentado por esperanças nunca concluídas, amor de adolescente, amor de um singelo portador de 15 anos de experiência.

A inabilidade em expressar sentimentos, independente de sua intensidade, causava ainda mais suspense sobre a identidade da menina tão idealizada pelo pobre garoto. A insegurança, que sempre afetou a infértil mente, mantinha-o refém, não permitia qualquer tipo de liberdade mental, nem mesmo para revelar quem era tal menina mulher.

Cabelos vermelhos e um rosto bem equilibrado chamavam atenção numa menina que já chamava atenção por si só. Os amigos do jovem apaixonado a taxavam de Dado Donabella, ou melhor, de traidora do movimento. Ela tinha deixado de ser “do metal” pra ser um robô controlado pelas massas de playboys envolvidos em alienação cultural e inversão de valores. Sim, era ela, a perfeita, a doce, a Mary Ann.



terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

intertex!

Óptica Geométrica Literária

Esquerda ou direita? Esquerda. Direita ou esquerda? Direita. O ritmo é constante, as direções nem sempre com destino certo. Correr em busca de algo, não necessariamente conhecido. A noite cobre as ruas e travessas de uma cidade há muito tempo gloriosa. A adrenalina percorre as minhas veias, ela não deixa meu corpo e, principalmente, minha consciência parar.
Em alguns pontos encontro obstáculos de variadas origens. Seja uma chuva que barreia meu caminho e deixa o reflexo de uma pessoa que eu evito há décadas no orvalho, seja com uma maçã reluzente cujo brilho me lembra de meus antigos eus numa época em que a neblina embaçava minha percepção, ou até, em algumas vezes, intransponíveis rochas, onde não há saída, onde nem a dor resolve o problema, onde a solução é voltar e fazer um caminho diferente.
Minha rotina diária, ou melhor, noturna, leva sempre ao mesmo lugar. As trilhas urbanas vão ficando cada vez menos protegias pela escuridão, meu corpo fica cada vez mais visível, importante. A torre Eiffel fica cada vez maior. A velocidade menor. Meu coração vai diminuindo sua freqüência. Após inteiros 10 segundos de observação, eu vejo o porquê.
A menina sentada na primeira fileira de vigas horizontais é convidativa. Num ato quase que rotineiro, eu começo a escalada. A polícia, os rareados transeuntes, todos desaprovam minha conduta. Finalmente chego ao destino. Avanço minha mão ao encontro daquele rosto, porém a mesma nada encontra. Tudo vira fumaça.
O barulho intragável e constante páira no ar e incomoda meus ouvidos. É o despertador avisando-me do horário. O ritual matinal acontece sem que minha mente faça menção de refletir em tudo aquilo. Na calçada do prédio, rumo para o colégio. No caminho e sob chuva , eu vejo uma macieira. Um fruto cai aos meus pés. Nas minhas mãos, ela mostra um corredor francês, um romântico. E então na minha testa vejo escrito, mal-do-século parisiense.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sugestões de amigos o/

Má Nunes sugeriu amizade, a Ana Clara sinceridade, tentei passar essa relação de um modo diferente.

Tabu da amizade

A música marca meus passos. Os fones não deixam meus ouvidos. As pessoas mantêm-se indiferentes aos meus passos sincronizados. Sim, meu pequeno mundinho. No meu mundo de Platão, idealizado e imaginado, nada falta, morte por marasmo não existe, protegido igual à Ilha de Malta, um amigo que come alpiste, nem feliz nem triste.

A vida não é amiga, não no sentido fidedigno do ser. Ela nos prega peças, deixa o quebra-cabeça incompleto. Tudo fala numa floresta. Árvores oferecem conforto, flores a beleza que encontramos nas bonitas senhoritas. Já as aves, elas não falam, elas cantam, dizem com amor, com carinho, consideração, com sinceridade.

Quando fui para a selva da cidade, onde campos cinza e criaturas irracionais de sobra tomam o cenário, onde a cor não perde a continuidade, onde tudo é igual, virei animal. Meu primeiro amigo era diferente. Diferente o suficiente, diferente igualmente.

Num processo de introversão, amigos sobram, independente da equação. Mas o primeiro não, ele não sobra nem falta, ele completa. Sua voz ressoa no espaço com algum tipo de fidelidade que não percebo na boca de ditas relações confiáveis. Seus olhos expressivos refletem o carinho que expresso por ele.

Acordo com um brilho incomum do luar. Algo me chama atenção numa escuridão na qual nem o ar faz menção de movimento. E então descobri o que interrompia a homogeneidade da cena, faltou o brilho dos olhos de meu companheiro. Finalmente, não felizmente, o Staphylococcus aureus venceu uma amizade que nem a diferença natural conseguiu. As cantorias marcaram minha memória. O silêncio cúmplice e compreensivo também. Uma lágrima irrompe dos meus olhos, o caminho da água salgada descreve: adeus, meu papagaio.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ventania

Texto feito pra aula de redação, menos sádico que os outros =D(tinha que usar um título da lista, escolhi ventania)

Dirigir é relaxante em alguns casos. Não no meu, não agora. As pequenas gotículas de água batiam no pára-brisa, formando caminhos de acordo com a gravidade. Meu caminho, infelizmente, não seria regido por algo tão natural. Minhas decisões, firmes em sua subjetividade, traçam a direção da minha vida.

A chuva piorou. Maltrata a estrada, os vidros do meu carro. Aquele forte barulho se assemelha com uma batalha, especificamente, contra minha consciência. Grande parte de mim diz que ela não merece tanta atenção. Rumar à residência dela pareceria errado, se não fosse o apreço que tinha e tenho pela dona eterna do meu coração.

Estaciono meu carro na frente da morada dela. Uma forte ventania se junta à chuva na tentativa de abalar meus ânimos. Até tentam fechar o portão. Calafrios biológicos atacam meu corpo, sinto receio em descer do carro. A árvore no quintal trepida sob a ação do terrível vento, suas folhas geladas conduzem a água para seu curso original. Mas elas não foram suficientes para conduzir-me ao meu. Desisto. Então uma delas cai, para no futuro nutrir a terra, junto ao meu amor.




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Cinza Rosa

Brilha. Como brilha. Aquilo esquenta meu corpo, ilumina meu rosto. Algumas pessoas não entendem como funciona, outras entendem, mas fingem o contrário porque não tem coragem para acreditar. Talvez se os pais tirassem 5 minutos para falar com seus filhos. Talvez se a sociedade fosse mais fácil. Talvez se cabelos pintados e cortes estranhos passassem a idéia imaginada.

Aquele meu quarto pequeno começava a cheirar mofo quando o odor de queimado tomou o ambiente. Eu sorria. Simplesmente sorria. Montes de músculos tentavam arrombar a porta, impedir o que eles chamam de incêndio. A cicatriz “Pyro” reluzia de acordo com as chamas, as quais me hipnotizavam constantemente.

Tudo começou com ela. Sim, ela. Todos pensam que paixões fazem parte do período chamado adolescência, porém erram ao achar que elas são passageiras. Posso me lembrar do brilho, não do fogo, mas da quentura de alguém que eu amei. Sua barriga coloria o ambiente de acordo com a cor da rosa que a ofereci, minutos antes.

Não demorou muito para descobrirem tudo. Foi um dia e tanto. Matar a tarde e ser preso de noite, que maratona! Posso lembrar o horror do policial ao qual eu ateei fogo, ele fazia uma dança esquisita, como se quisesse livrar-se de algo que o atormentava, compararia até com um cachorro epilético. Depois foi a vez do carro, esse aceitou bem a idéia, concordou em vestir fuligens.

Fogo vai, fogo vem, fui para o manicômio. A comida horrível e as meninas feias não faziam nada para diminuir meus instintos suicidas. Os remédios fortes me deixavam cada vez mais perto da morte. Se fosse morrer, seria purificado. Brilha, meu corpo brilha, viro cinzas agora, e me junto ao ar, para conhecer o mundo que me mandou para cá.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Intro =}

Cinderella Mortadela não fica tão explícito quanto alguns gostam, mas é perfeito, contos de fadas canibais, histórias fantasiosas iguais, tematicamente diferentes, algo bizarro, sádico.